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Chacina de 46 detentas acende alerta em Honduras

Confronto no Centro Feminino de Adaptação Social revela crise carcerária e recrudescimento de segurança pública hondurenha

GIRO LATINO
#HONDURAS25 de jun. de 232 min de leitura
Familiares das vítimas da chacina no Centro Feminino de Adaptação Social, próximo à Tegucigalpa, Honduras. Foto: Orlando Sierra / AFP
GIRO LATINO25 de jun. de 232 min de leitura

Tragédia colossal: na terça-feira (20), um motim sem precedentes no Centro Feminino de Adaptação Social, penitenciária próxima à capital hondurenha, deixou pelo menos 46 detentas mortas, muitas delas queimadas ou atacadas com golpe de machadinha.

Não muito diferente das revoltas prisionais sangrentas que abalaram o Equador durante a pandemia e da disputa que se vê há anos em El Salvador, o episódio hondurenho é fruto de um embate entre gangues, no caso as centro-americanas MS-13 e Barrio 18, dominantes dentro e fora das cadeias – a ficha criminal de muitas das vítimas, no entanto, sugere que algumas podem ter acabado morrendo no fogo cruzado, sem sequer estar envolvidas com as células criminosas.

As circunstâncias da chacina levantam outras questões: segundo uma longa reportagem do La Prensa, há relatos de que a violência aconteceu com auxílio de guardas da penitenciária, que teriam “aberto os portões” no momento dos ataques, contam sobreviventes. Há também um forte indício de que tudo havia sido planejado há meses, levantando um debate geral sobre a administração das prisões e o contexto de superlotação em um país onde inimigos ferozes são separados por algumas paredes – e onde a lista de banhos de sangue nesses locais é longa.

Episódio mais violento desde o início do atual governo, a rebelião ligou todos os alertas do poder público: declarando “emergência”, a vice-ministra de Segurança, Julissa Villanueva, autorizou “intervenção imediata” de militares e prometeu soluções enérgicas. Na quarta (21), após uma série de reuniões extraordinárias, a presidenta Xiomara Castro anunciou mudanças gerais na cúpula de segurança, deu ordens para que o Exército auxilie a Polícia Nacional e ampliou a duração e a abrangência do polêmico decreto de estado de exceção, vigente desde o último ano.

As decisões aumentam a rigidez após uma série de outras medidas anunciadas em maio, como o bloqueio de celulares dentro dos presídios. Enlutado, o país também vê no horizonte uma chance de repetir o infame plano de “guerra às gangues” liderada pelo presidente Nayib Bukele, cujo modus operandi demolidor contra o crime organizado, a despeito de violações aos direitos humanos, parece cada vez mais encontrar na vizinha Honduras um terreno fértil.

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