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Filho de Petro diz que campanha do pai contou com dinheiro irregular

Após ser preso no sábado passado (29), Nicolás Petro acertou pré-acordo com o MP para revelar detalhes sobre suposto financiamento ilegal de campanha presidencial

GIRO LATINO
#COLÔMBIA6 de ago. de 233 min de leitura
Presidente colombiano Gustavo Petro em encontro com a população em San Juan del Cesar, na região do Caribe colombiano. Foto: Juan Cano / Presidência da Colômbia
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No último sábado (29), o presidente colombiano Gustavo Petro teve o descanso interrompido após o Ministério Público acatar duas ordens de prisão contra o deputado departamental Nicolás Petro Burgos, filho mais velho do mandatário, e Daysuris Vásquez, ex-esposa de Burgos. Os dois ficaram a semana toda sob custódia. Petro Burgos enfrenta acusações de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito, ao passo que Vásquez também se viu implicada por suposta violação de dados pessoais da advogada Laura Ojeda, atual companheira do ex-marido.

Na noite de sexta-feira (4), um juiz de garantias entendeu que não havia justificativa válida do MP para a detenção do ex-casal, mesmo em prisão domiciliar, e decidiu por colocar ambos em liberdade.

A trama não é nova: em março, a própria Vásquez denunciou em uma entrevista à revista Semana que Nicolás Petro havia recebido quantias milionárias dos empresários Alfonso Hilsaca (“Turco”) e Juan Manuel Sarmiento e o ex-narcotraficante Samuel Santander López Sierra (de codinome “Homem Marlboro”). As revelações desataram as investigações que agora recaem contra os dois – porém, tanto ela quanto Nicolás asseguraram à imprensa local que o hoje presidente jamais soube do dinheiro.

Nicolás Petro, deputado departamental pelo Atlântico e filho do presidente colombiano, em ato político. Foto: divulgação /  redes sociais
Nicolás Petro, deputado departamental pelo Atlântico e filho do presidente colombiano, em ato político. Foto: divulgação / redes sociais

Após as prisões, o presidente inclusive decidiu adotar uma posição neutra a respeito do caso, distanciando-se do filho e prometendo garantir o devido processo legal. Em tom paternal, mas duro, Gustavo Petro ainda escreveu: “que esses acontecimentos forjem seu caráter e que você reflita sobre seus próprios erros”.

Porém, na quinta (3), procuradores à frente do caso acertaram um pré-acordo de colaboração com Nicolás Petro, que admitiu que parte do dinheiro irregular teria sido usada, sim, na campanha presidencial do pai no ano passado – embora, a princípio, sem conhecimento do atual mandatário. Já o resto teria parado nas contas pessoais do próprio deputado, que defende as cores do partido do presidente em Barranquilla, onde estaria vivendo uma vida de luxo incompatível com seus ganhos, diz o Ministério Público.

A Comissão de Investigação da Câmara de Deputados abriu investigação contra o presidente.

A nova revelação voltou a abalar o círculo presidencial, levando Petro a se pronunciar outra vez – ele lamentou o que chamou de “supostas irregularidades” na campanha e disse que “ninguém está acima da lei”, por fim designando um representante legal para atuar em seu nome.

O presidente, aliás, entregou esta semana sua lista tríplice para o comando da Procuradoria-Geral da República – órgão responsável pelo processo de seu filho e quiçá dele próprio, se as investigações avançarem. O imbróglio segue.

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