Conecte-se

#PARAGUAI

Ex-presidente do Paraguai teria encomendado morte de promotor ‘antimáfias’, diz testemunha

GIRO LATINO

Em interrogatório, ex-militar colombiano envolvido no assassinato do promotor Marcelo Pecci citou o ex-mandatário paraguaio Horacio Cartes e o narcotraficante Insfrán Galeano como mandantes do crime

7 de out. de 233 min de leitura
7 de out. de 233 min de leitura

Uma nova bomba estourou sobre a política do Paraguai na quinta-feira (5), após o jornal colombiano El Tiempo revelar detalhes do depoimento de uma testemunha-chave no caso da execução do promotor paraguaio Marcelo Pecci, em maio do ano passado. Embora datado de 30 de junho de 2022, o interrogatório do Ministério Público colombiano foi mantido sob sigilo nos últimos 15 meses e só veio a público agora: em um vídeo revelado pelo ABC Color na noite de sexta-feira (6), o ex-militar colombiano Francisco Correa Galeano, considerado um dos articuladores do assassinato, diz nominalmente que os autores do plano seriam o ex-presidente paraguaio Horacio Cartes (2013-2018) e o narcotraficante Miguel Ángel Insfrán Galeano, o “Tio Rico”. 

Vale recordar: Pecci, um dos nomes fortes do Ministério Público paraguaio que investigavam “máfias” transnacionais atuantes no país, foi morto a tiros em maio de 2022 na ilha de Barú, na Colômbia, onde passava sua lua de mel. O homicídio rendeu investigações que atravessam diferentes países da região (houve prisão realizada até no Brasil), suspeitas de vinculação com diferentes organizações criminosas com braços no narcotráfico latino-americano e fortes indícios de que um ou mais políticos do Paraguai poderiam ter interesse em se livrar do homem que começava a desbaratar redes criminosas cujos tentáculos também pareciam chegar ao poder no país. 

Tabuleiro de xadrez presenteado pelo ex-presidente paraguaio Horacio Cartes ao ex-presidente brasileiro Michel Temer, em 2017. Foto: Alan Santos / Palácio do Planalto
Tabuleiro de xadrez presenteado pelo ex-presidente paraguaio Horacio Cartes ao ex-presidente brasileiro Michel Temer, em 2017. Foto: Marcos Corrêa / Palácio do Planalto

O depoimento de Correa Galeano é considerado decisivo, pois ajudou a nomear e capturar outros envolvidos na execução, o que aumentaria as chances de sua menção ter fundo de verdade. Em suas falas reveladas durante a semana, ele diz textualmente que dois sujeitos pediram que as fotos do crime fossem enviadas “ao patrão deles, que é um narco paraguaio, e a um amigo desse narco, que é ex-presidente do Paraguai a quem o doutor Pecci estava investigando”. Ele também afirma que os coautores do crime lhe disseram “que o narco paraguaio e o ex-presidente estavam muito felizes [com a execução] e pensavam em nos mandar uma grande quantia de dinheiro”. 

As novas revelações prometem balançar ainda mais os corredores do poder em Assunção, já abalados por um cerco cada vez maior dos Estados Unidos contra o todo-poderoso ex-presidente Horacio Cartes (2013-2018). Cartes também foi réu na Lava Jato junto ao doleiro Darío Messer, mas nunca foi preso por não estar em solo brasileiro.

CAPA: Ex-presidente paraguaio Horacio Cartes sobe a rampa do Palácio do Planalto, em 21 de agosto de 2017, em direção ao ex-presidente brasileiro Michel Temer. Foto: Alan Santos / Palácio do Planalto

#PARAGUAI
INTERNACIONAL
AMÉRICA LATINA
HORACIO CARTES
MARCELO PECCI
POLÍTICA
DIREITOS HUMANOS
ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS
COLÔMBIA